terça-feira, 29 de agosto de 2023

A História dos Emuladores de Mega Drive - Parte 3

Generator (1998)


Generator foi um emulador que teve início em Novembro de 1997, criado por James Ponder para um projeto de terceiro ano para sua faculdade. Sua primeira versão foi lançada em Março de 1998 para UNIX (também rodando em Linux), estando na lista dos primeiros emuladores para Mega Drive. O projeto nasce de código aberto e é construído para ser portável para outros sistemas, como Solaris, Net, Risc e Open BSD e RiscOS. Suas primeiras versões não davam suporte à som, à joypad, nem à save state, além de apresentarem muitos bugs. Em 1999, ganha ports para o Amiga por AmiDog e MacOS por Richard Bannister. Em Janeiro de 2000, começa a dar suporte à som emulando o processador Zilog Z80 (pelo Multi-Z80 de Neil Bradley) e o chip YM2612 (de Tatsuyuki Satoh).


Também na mesma data, traz melhorias para o processador M68k e paletas, entre outros. A primeira versão para Windows é lançada em Fevereiro de 2000 com o nome de Generator32, e criada por Atani (com encerramento em Maio). Essa versão rodava muito acelerada para computadores lentos da época, sendo impossível jogar algo executado nela em computadores de hoje. Em Abril de 2000, James lança um segundo port original do emulador, agora para MS-DOS. Essa versão tinha uma front-end fixa que permanecia na tela junto com jogo. A mesma podia ser desativada por um atalho do teclado. Além disso, também tinha suporte de vídeo NTSC/PAL, escolha de região entre EUA/EU e JP, tela cheia, reset, save state, screenshot e alterações de qualidade de vídeo.


Uma curiosidade é que o emulador de James usava seu próprio emulador 68k, diferente de outros projetos do mundo da emulação. Inclusive nasceu com essa proposta, de criar técnicas de emulação de processadores (como o 68k, por exemplo) de forma otimizada. Em Agosto de 2001, começa a adicionar a emulação de Z80 pelo Raze Z80 de Richard Mitton. Sua última versão é datada de Maio de 2003 para Linux e MS-DOS. O emulador também teve diversos outros ports, como para os Pocket PCs, iPAQ e Cassiopeia (os percursores dos smartphones) em 2001 por Domenico Dato como PocketGenesis, dois ports para Dreamcast em 2002 por Atani Software e por Metafox, para Playstation 2 em 2002 por Sjeep (e em 2010 também funcionando em PS3 compatíveis com PS2, por aries2k), PSP em 2005 por sougen, além do sistema UNIX por Christian Biere. A curiosidade é que a partir de Agosto de 2003, Richard, que portava o emulador para Mac, começa a desenvolve-lo por si só (agora já no sistema MacOS X). A última atualização do emulador por Bannister foi em Maio de 2021.

Megasis (1998)


Megasis (mistura de Mega com Genesis) foi um emulador de Mega Drive lançado em 11 de Novembro de 1998, pelos japoneses JT e Bori. A curiosidade é que foi lançado para Windows, quando na época a maioria dos emuladores eram lançados para MS-DOS. Para rodar corretamente o emulador necessitava-se de um Pentium 133MhZ no mínimo, e um Pentium 2 como recomendado. Necessitava-se também de uma placa gráfica com suporte a DirectDraw e se possível com aceleração de hardware. Em som, era pedido suporte à DirectSound. O emulador só começa a funcionar de fato na atualização de Dezembro de 1998, quando começa a emular o processador Z80, e os chips PCM e FM de som, como também a corrigir bugs do processador 68k. O emulador tinha a emulação perfeita do chip YM2612 (o chip FM do console), além de som estéreo com até 44.100hz de qualidade.


Também tinha save state (nos formatos .GSV e .KSB) e rodava os formatos de jogos BIN e SMD, e os compactados ZIP e LZH. Além disso, também dava suporte à pause, reset, frameskip (com grande aceleração para computador simples), modo tela cheia, vários modos de janela, várias regiões de jogos, gravação de som em formato .WAV, além de gravação de som FM e PCM, efeito de eco, alteração do clock do processador 68k, suporte à joypad com seis botões, emulação da VDP (que é a GPU do console), edição de teclas de atalho para várias funções do emulador, entre outros. Megasis teve seis versões ao todo, sendo a última lançada em Abril de 2001. De Novembro de 1998 em diante, era pedido pelos fãs uma versão para MacOS. Parece que havia alguma sinalização por parte dos criadores para isso na época. Em Janeiro de 2000, chegou a ser postado na página inicial do projeto que seria desenvolvida essa versão, mas em Junho do mesmo ano essa informação já havia sido tirada do ar.

VGen (1998)


VGen ou Virtual Genesis começou a ser desenvolvido em 1997 por Jason Meehan, e foi lançado em Março de 1998 para MS-DOS. A partir de Maio de 1998, começa a executar jogos por linha de comando, e na versão de Novembro de 1998 começa a emular som por meio do Zilog Z80. O emulador emula também os dois chips de som do console, o PSG e o YM2612. Os processadores que usava eram o 68k de Neill Corlett e o Z80 de Neil Bradley.


O VGen disponibiliza mais adiante uma GUI que você controla pelo mouse, além de suporte à dois controles, dando suporte à vários estilos de joypad, vários modos e formatos de tamanho de tela, frame rate, reset, até 44.100hz de som, alteração de região de jogo e acesso à várias informações técnicas do emulador, entre outros. Apesar dessa diversidade de opções e informações, o emulador era muito deficitário em velocidade, som e compatibilidade, nunca tendo saído do estado alpha. VGen também deu suporte à bios do Sega CD sem a execução dos jogos. Dizem que o emulador teria sido o primeiro a rodar a bios do Sega CD na primeira versão lançada em 1998, quando na verdade o primeiro à roda-la foi o emulador NextLEVEL em Outubro de 1997. 


Algumas informações sobre Sega CD foram trazidas por Christian Schiller dono do site Eidolon's Inn. Além do Sega CD, Master System e Game Gear também eram planejados para o emulador. O emulador era executável em um Pentium 1 com 8Mb de RAM. Sua última versão é lançada em Junho de 2001. A que se tem notícia, o emulador teria tido quatro versões lançadas ao todo, a de lançamento, duas em 1998, nos meses de Maio e Novembro e a de encerramento.

sábado, 26 de agosto de 2023

A História dos Emuladores de Mega Drive - Parte 2

KGen / KGen98 / Kega / Kega Lazarus / Kega Fusion (1997)


KGen, abreviação de Kega Genesis, foi lançado em Agosto de 1997, por Steve Snake, ao lado de Kode (coudei) e Muzak Ltd para MS-DOS. O projeto é desenvolvido no período de dois meses, de Junho à Agosto. Descrevendo o emulador, ele funciona em linha de comando, sem uma interface própria (ganhando uma GUI a partir de Setembro de 1997), tinha função VSync para rodar jogos em um Pentium 200 com o dobro da velocidade de um Mega Drive comum, e a velocidade comum do console em um Pentium 133, além de screenshot (no formato .PCX), configuração de controle por teclado e joypad, frameskip, mudança de região, além de uma boa emulação do chip de som YM2612, e a partir de Outubro de 1997 do PSG Sound. O emulador também tinha save state, porém, diferente dos outros emuladores, aqui se chamava snapshot, e os salvava no formato KSS.


A partir de Setembro de 1997, começa a carregar save state também no formato GSV, correspondente ao emulador Genecyst. Em Maio de 1998, foi lançada uma front-end (interface) para modo Windows do emulador por airds, chamada Kgen Loader, atualizada até Agosto de 1998. A mesma pessoa também criou versões para GenEm de Mega Drive e ESNES e Snes9x para SNES. Steve teve ajuda de algumas pessoas no projeto, como Colin Rodgers e Stuart McKenna com informações sobre os microprocessadores Z80A e 68K, o amigo Warren Mills pelas informações de seu próprio emulador de Z80, e o criador do Magic Engine de PC Engine, David Michel, ajudando em algumas dúvidas, entre outros. O emulador teve oito versões entre Agosto e Outubro de 1997, quando encerra suas atividades.


Em final de 1997, Steve começa a criar o emulador para processadores MMX, uma nova tecnologia da Intel lançada no início do ano. Por conta de vários truques de otimização usados na emulação, a velocidade ganha pelo processamento MMX quase não é notada, fazendo Steve desistir da ideia, que era chamada de KGen-X. Após isso, começa a desenvolver o KGen98, totalmente reescrito e com melhor desempenho que o KGen-X, lançando-o em Junho de 1998 para MS-DOS. Além de uma melhor performance, também reescreve e aprimora parte da GUI, adiciona suporte à Game Genie, melhora a qualidade de vídeo, com adição de scanlines, modo 8/16 bits, entre outros, e traz qualidade de som estéreo ao emulador. Seu save state agora pode ser criado e acessado dentro do jogo, não mais precisando recorrer ao menu principal. KGen98 teve apenas quatro versões, todas em Junho. Também em Junho, a front-end Kgen Loader começa também a dar suporte ao Kgen98.


Por conta do sucesso de seu emulador, a Sega chama Steve para ser programador líder do projecto Sega Smash Pack para Windows. Para isso, usam o Kgen98 de Steve, que recebe algumas alterações e fica de cara nova. A coletânea é lançada em 1999, com oito jogos, Golden Axe, Shinobi, Phantasy Star II, OutRun, Columns, Sonic Spinball, Altered Beast e Vectorman. Em seguida, vem Sega Puzzle Pack, também lançada em 1999, com os jogos Dr. Robotnik's Mean Bean Machine e Columns III, além do puzzle Lose Your Marbles criado pela Sega em 1997. E por fim, vem Sega Smash Pack II, que continha os jogos Comix Zone, Flicky, Kid Chameleon, Shining Force, Sonic The Hedgehog 2, Super Hang-On e Vectorman 2, em 2000. Na ocasião, recebe uma proposta da Sega para criar um novo emulador especialmente para os futuros pacotes Sega Smash Pack, que seriam lançados para Dreamcast e GBA, mas Steve recusa e o projeto é desenvolvido por outros criadores. Esses lançamentos sem Steve foram Sega Smash Pack Volume 1 em 2001 para Dreamcast e Sega Smash Pack em 2002 para GBA.


Depois de quase quatro anos afastado, Steve ressurge sozinho com o lançamento do Kega em Janeiro de 2002 para Windows, que vinha com o recurso de Sega CD, já usado no concorrente Gens. O Kega não usa nenhum código fonte do KGen98, a não ser partes dos núcleos 68k e Z80. O restante foi todo reescrito do zero, e agora com suporte à Windows. O diferencial era sua rapidez e compatibilidade com os jogos.


Ele vinha todo repaginado, com uma interface completamente diferente e diversas outras opções incluídas, como configuração de bios pros consoles emulados, vários tamanhos de tela, TV mode (o modo TV), a seleção de qualidade em hz para som, dando a escolha entre 11025, 22050 e 44100Hz, a opção Perfect Sync, que sincronizava os dois núcleos 68k de SegaCD para uma sincronia perfeita (sendo sugerida apenas para PC's potentes e para jogos específicos), entre outros. Kega também tinha suporte à jogos compactados em formato .zip (apenas para os jogos de SMD). O diferencial do projeto era que o código havia sido criado pelo próprio Steve.


Em Março de 2002, Kega inclui os consoles Game Gear e Master System, tendo mais tarde despopularizado o emulador Meka, consagrado até então para jogos desses consoles, principalmente de Master System. O projeto tem cinco versões lançadas, sendo a última em Março de 2002.


Em Setembro de 2002, Steve surge com uma versão alternativa com o nome de Kega Lazarus. Era o recomeço do emulador, e mais um recomeço de um emulador de Mega Drive na história de Steve. Steve havia tido uma falha de hardware e perdido todos os códigos fontes do Kega, com excessão do código da versão 0.02 de Janeiro de 2002, a terceira versão do emulador. Muitas das mudanças do emulador continuaram, e outras novas surgiram, como um núcleo Z80 completamente novo, emulação mais rápida de Master e Game Gear e melhorias na emulação de Mega e Sega CD.


Ele era basicamente indentico ao Kega em interface e opções. A segunda versão do Kega Lazarus surge somente sete meses depois da primeira, em Abril de 2003. Essa versão foi especial para Master e Game Gear, com todo o tipo de melhoria para os consoles, desde compatibilidade, gráficos, até desempenho. Na versão de Maio de 2003, adiciona também suporte aos consoles SG-1000 e SC-3000 da Sega. Na última versão de Junho de 2003, faz melhorias no suporte ao Sega CD, adicionando suporte Bin/Cue, melhorando o suporte Iso, entre outros. Steve disse que essa versão supera em todos os aspectos a última versão lançada do antigo projeto, o Kega.


O emulador teve seis versões, sendo da segunda à quarta versão, ou seja 3 delas, dedicadas quase que exclusivamente na otimização dos consoles Master e Game Gear. É citado em alguns sites que o projeto teria adicionado suporte à 32X, mas nem nos arquivos “leia-me”, e nem nos próprios emuladores esse suporte era falado e executado.


Um ano sem atualizar o Kega Lazarus, Steve lança seu último emulador, o consagrado Kega Fusion, em Julho de 2004. O projeto é a junção de parte dos emuladores Kega e Kega Lazarus com o Kega Fusion. Boa parte do código fonte foi reescrita do zero permanecendo o mais próximo possível aos projetos anteriores de Kega, mantendo a interface de usuário e as funções do emulador. É só a partir dessa nova fase que Steve consegue dar suporta a 32X em um de seus emuladores, lançando o mesmo na primeira versão do Fusion.


Como ele descrevia, era o emulador com maior precisão entre todos na época para emular o add-on. Além de todos os suportes à consoles, emulação de chips e processadores, ferramentas e desempenho também presentes no Kega Lazarus, adiciona muitas outras funções ao emulador. Ainda em 2004, da suporte à plug-ins de renderização como o 2xSai, hq2x, e dois criados por Snake, como Double e DoubleRaw. Nessa época, começa a desbancar o emulador Gens até então prioritário para jogos do console de 16 bits. Com o tempo, todos os demais emuladores de consoles da Sega abaixo do Sega Saturn começam a ser despopularizados por conta do emulador de Steve. A partir de 2005, o emulador muda sua numeração de 0.1 para 3.0.


O motivo se deve à essa numeração estar ligada à emuladores que ainda estão em estágio muito inicial, o que causava falta de interesse das pessoas de baixá-lo. Steve então teve a ideia de alterar isso, e já que Fusion era o terceiro emulador de sua sequencia Kega, o coloca como 3.0. Nessa versão, a de Fevereiro de 2005, adiciona suporte à formato MP3 nos áudios de jogos de Sega CD, além da trapaça Pro Action Replay. Em Fevereiro de 2006, adiciona suporte à Netplay, diferente de muitos emuladores que costumavam usar o servidor Kaillera.


Nessa versão, o usuário podia escolher o servidor que quizesse para hostear suas jogatinas. No ano de 2007, não houveram atualizações. No ano de 2008, houveram também importantes atualizações, como em Dezembro de 2008 com o suporte a SVP (Sega Virtua Processor), utilizado para rodar o jogo Virtua Racing, que em seu original vinha em um cartucho especial para gerar gráficos 3D. Esse suporte foi trazido inicialmente no emulador PicoDrive, o último concorrente do Fusion. Também no mesmo mês, o Fusion começa a rodar no sistema MacOS X.


Em Setembro de 2009, é a vez do Linux rodar o emulador. Nesse mês o Mac também ganha mais uma versão. O emulador também tinha suporte à Direct3D graças ao trabalho conjunto com o DirectX. Sua última versão, e ainda usada nos dias de hoje, foi lançada em Março de 2010. O emulador teve dezesseis versões ao todo.

A História dos Emuladores de Nintendo 64 - Parte 4

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