Meu primeiro vídeo sobre a História dos Emuladores de Videogames, de uma série de vídeos que serão lançados no canal. Esses vídeos foram feitos através de uma matéria construída durante 1 ano e 5 meses de quase 300 páginas, contando a história dos principais emuladores dos principais consoles e arcades.
O que são emuladores? São reprodutores fidedígnos de um hardware em ambiente virtual, ou seja, um software/programa que recria cada chip e processador do aparelho emulado através de seus códigos ou documentações originais. Também existe a emulação de um software, que originalmente foi projetado para ser executado em uma determinada máquina ou sistema operacional e consegue ser adaptado para outra. Foi esse o caso da primeira emulação do mundo em 1964, criada por Larry Moss que queria que os softwares do IBM 7070 funcionassem no IBM System/360. Nos anos de 1980, principalmente, se popularizou a emulação de PCs, como o TRS-80, Amiga e outros PCS dos anos 70, dentro de computadores mais modernos, principalmente à partir de 1989, com a chega de processadores como 486 e placas sonoras como Sound Blaster. Além da emulação de hardware em software e software em software, também existe a emulação de hardware em hardware, que é a mais rara e que é o caso, por exemplo, do adaptador do ColecoVision para aceitar cartuchos Atari VCS. Sobre a emulação de hardware em software é importante dizer que só se consegue alcança-la se o computador que a emula é superior à ela em desempenho, por isso a dificuldade nos dias atuais de emularem por exemplo consoles lançados recentemente, já que os mesmos têm potência igual ou melhor que computadores da atualidade. A emulação começa a se tornar viável principalmente nos anos de 1990, quando computadores melhores começaram a surgir.
Quer conhecer um pouco mais dessa história? Então segue comigo no vídeo.
As vezes os emuladores trazem maior amplitude para o hardware emulado. No caso dos consoles, conseguem trazer maior compatibilidade de joypad, controle de escala de tempo, cor, filtros de imagem, melhor nitidez, suporte à widescreen (que é a tela ampla), som mais apurado, código de trapaça, velocidade de jogo, loadings mais rápidos, possibilidade de aceleração de cenas, compatibilidade com região do jogo (por exemplo, EUA, JP ou EU), save state, e até possibilidade de jogo em rede, entre outros. Os emuladores também ajudam na construção de jogos caseiros e criados em tempos posteriores à criação dos hardwares originais.
Para os jogos desses consoles e arcades emulados serem executados, precisa existir o processo de ripagem ou dumpagem, que nada mais é que transferir os dados desses cartuchos de jogos para o computador, as famosas roms. Houveram vários acessórios de backup de jogos que se ligavam diretamente aos consoles, com saídas para drivers de disquete para a gravação dos mesmos, como foi o caso do Super Magicom e Super Wild Card para SNES, Super Magic Drive para SMD, entre muitos outros. Alguns faziam essas gravações diretas em CD-ROMs, como foi o caso do Doctor V64 para N64. Esses acessórios traziam as roms em diversos formatos e as vezes como mais de um arquivo. Muitas conseguiram ser lidas por emuladores e outras convertidas para formatos próprios de acordo com cada criador de emulador. Os jogos que não são executados por meio de cartuchos, e sim por meio de CDs, são geralmente convertidos para imagens ISO. Há vários padrões de imagem. ISO, IMG, CUE e BIN são os formatos mais usados. Alguns formatos como MDF e MDS são mais usados com o Sega Saturn. Já o formato CCD com o PCE.
Há pessoas que preferem ripar seus próprios jogos para não fazerem pirataria, como é o caso do Chameleon USB (camilien) criado em 2002 para vários jogos em cartuchos da Sega, Nintendo e Neo Geo. Há também o Retrode (rétroude), criado em 2009, que permite ligar seus cartuchos ao PC e executá-los via emulador sem a necessidade de ripagem, apesar de também realizar essa função. Já os jogos em mídias ópticas podem ser executados diretamente em muitos emuladores, mas se recomenda a ripagem, pois as unidades ópticas de PC não são projetadas para girarem da mesma forma que nos consoles, causando muitas vezes travamentos e mau funcionamento.
O conceito principal do processo de emulação é a preservação de antigos hardwares ou softwares (independente do que se quer emular) que são antigos e raros e que um dia desaparecerão completamente. É o caso com a emulação de hardwares de jogos e suas mídias físicas. Além da preservação e de melhor funcionamento (para mídias ópticas, no caso), a ripagem de jogos também proporciona melhoria para os mesmos, como a possibilidade de aplicação de patches para correção de bugs, traduções e outras modificações.
A emulação de hardwares de jogos eletrônicos, os chamados vídeogames e arcades, começa nos anos de 1990. O primeiro emulador surge no ano de 1990 para o Nintendinho, chamado Family Computer Emulator, criado pelo japonês Haruhisa Udagawa, que trabalhou para a Namco e Sonic Team. O projeto rodava poucos jogos e sem som. Famicom For Mega Drive surge na sequência, em 1991, feito por Yuji Naka, criador de Sonic, para rodar dentro do Mega Drive. Esse foi apenas um protótipo que não foi lançado. Na sequência surge um terceiro emulador de Nintendinho, o Pasofami. Ele chega a rodar jogos comerciais e com som, porém era pago e seu som era sintetizado em vez de emulado. Por conta de ser cobrado, é hackeado e liberado ao público, o que faz seu criador, Nobuaki Andou, colocar um malware junto com o executável para impedir a pirataria pra quem o acessasse do ocidente. O primeiro emulador de fato funcional de NES foi o iNes, lançado em 1996 por Marat Fayzullin, que também era pago, mas liberava versões gratuitas pra outros sistemas, além de ter ajudado muito a cena de emulação NES e a cena de emulação de uma forma geral. O mais popular emulador de NES surge em 1997, pela produtora Bloodlust Software, chamado NESticle, para MS-DOS. Outros emuladores se tornam consagrados para NES, como FCE Ultra em 1998, Nester em 2000 e Nestopia em 2003.
Apesar de nossa matéria não abordar a emulação de portáteis, um fato curioso sobre ela deve ser falado. Em 1992, é lançado um protótipo de emulação do Gameboy para o Amiga chamado Gameboy 68000, para testar a viabilidade do conceito. Ele só rodava uma versão personalizada de Tetris. O programa foi vazado, e seu conteúdo caiu na internet. Anos mais tarde, em 1995, Marat Fayzullin, conseguiu esse material com uma comunidade hacker do Amiga, juntou com documentações sobre o portátil e criou o primeiro emulador funcional de Gameboy, o Virtual Gameboy, em Julho daquele ano. Após isso, Marat desenvolveu muitos outros projeto no mundo da emulação, entre outros, o iNes de NES e outros emuladores percursores da cena. Virtual Gameboy foi o primeiro emulador funcional de um portátil, e um dos primeiros emuladores funcionais feitos de forma individual/não empresarial.
O segundo console à ser tentada emulação foi o Mega Drive, com o Megadrive Emulator em 1994. Ele rodava apenas Sonic, e ainda de forma lenta e sem som. A segunda tentativa, mais exitosa, foi o GenEm em 1996. O projeto rodava vários jogos e com som, porém com diversos problemas de emulação e o som só era emulado por quem tinha a Sound Blaster, uma placa de áudio cara e pouco acessível na época. O primeiro emulador de MD funcional foi o Genecyst criado também pela Bloodlust Software, e rodava em ambiente DOS. Foi o primeiro emulador popular de MD. Só foi desbancado pelo KGen de Steve Palmer em 1998, que por sua vez é desbancado em 1999 pelo Gens de Stephane Dallongeville (Stefan Dalonguevila), que entre outros traz a emulação de Sega CD pela primeira vez à um emulador de MD. Steve retorna em 2004 criando o consagrado emulador Fusion que se torna o mais consagrado dos emuladores de MD, rodando não só MD, mas Sega CD, 32X, SMS e GG com perfeição.
O terceiro console a ser emulado foi o SNES em 1994. Estou falando do Virtual Super MagiCom para MS-DOS. Em seu início só rodava demos, e só foi rodar jogos comerciais em 1996. Apesar de seu legado, nunca deu suporte à som. Em 1997, começa a vender seu emulador por 35 dólares, o que deixa a cena da emulação, a emuscene, descontente. Três meses depois do lançamento, o emulador é hackeado e liberado gratuitamente por Ice Wizard. Seu criador, Chris, larga a cena da emulação acusando a comunidade de hackeamento. Em 1996 também surge o Super Pasofami de Nobuaki Andou para Windows, também pago e com som sintetizado. O primeiro emulador funcional surge ainda em 1996, o Virtual Super Wild Card, por Ernesto Corvi, mas apenas para Macintosh. O marco da emulação do SNES ocorre, também em 1996, pelo Snes96 para Windows pelo holandês Jerremy Koot (djéremí cout). Em 1997 cria o Snes97, e finalmente no final do ano o Snes9x junto com Gary Henderson. Snes9x foi o primeiro emulador à rodar de forma funcional o SNES, rodando som, imagem e velocidade de forma correta. No mês seguinte ao lançamento do Snes9x surgia o ZSNES, que também marcou presença, sendo por exemplo o responsável pela emulação da maioria dos chips especiais de SNES. Apesar do pioneirismo do Snes9x, ZSNES se torna o mais popular dos emuladores do console por sua execução em modo MS-DOS, muito popular ainda na época, por emular softwares mais rapidamente. E por fim o BSNES em 2004, que consegue ter a maior compatibilidade de todos, além de criar o MSU-1, um chip virtual que dá a possibilidade de transformar os jogos de SNES em jogos com cut scenes e som com qualidade de CD.
O quarto na lista é a emulação de Atari 2600, trazida pela Activision em Junho de 1995, na coletânea Activision's Atari 2600 Action Pack para Windows. Ele é considerado o primeiro emulador funcional de um console. No ano seguinte, vários outros projetos trouxeram a emulação de Atari. O primeiro projeto gratuito foi o Virtual 2600 para Linux em 1996, com versão para MS-DOS apenas em 1997. Depois veio Virtual VCS também em 1996, mas o mais popular e estável foi o Stella. Stella teria sido o primeiro emulador gratuito funcional de um console. Vieram também PC Atari Emulator e A26, ainda em 1996, mas que tiveram vida curta. Até hoje Stella ainda é o mais lembrado de todos.
Em sequência vieram as emulações do ColecoVision em 1996 pelo ColEm de Marat Fayzullin e Atari 5200 em 1996, pelo Atari800.
Logo depois, surge outro marco da emulação, os consoles Master System e Game Gear trazidos pelo emulador Massage em 1996 para MS-DOS. MasterGear de Marat também foi marcante e com ótima evolução. Mas o grande emulador de Master System da época se chamava Meka, e foi criado em 1999, e só foi desbancado pelo Kega Fusion de Steve Palmer (ou Steve Snake) a partir de 2004. Outros emuladores de SMS também fizeram sucesso, como SMS Plus em 1998, o brasileiro BRSMS em 1999 e Dega em 2001.
PC Engine é trazido em 1997 por meio do Virtual PC Engine para MS-DOS. Outros emuladores de sucesso do PC Engine também surgiram, como o Magic Engine em 1997, Hu6280 em 1998 e Hu-Go! em 1999. PC Engine também ficou popular rodando no Mednafen em 2005 e BSNES em 2017. Já o PC Engine CD começa a rodar no Magic Engine, mas de forma gratuita apenas no Hu-Go! à partir de 1999. Até hoje uma de suas melhores emulações ocorre no Mednafen a partir de 2012.
A partir de 1997, boa parte dos emuladores começam a ganhar suporte à som ou a ter esse sistema melhorado, como foi o caso de emuladores de Atari, Mega Drive, Super Nintendo e Nintendinho, por exemplo.
Outro marco na emulação foi o PSEmu em 1997, emulando PSX e desenvolvendo o sistema de plug-ins que se popularizaria em diversos outros emuladores. Ele rodou alguns jogos comerciais, porém não era qualquer PC que os rodava. Bleem! chega na sequencia, em 1999, com excelentes resultados, porém de forma paga. Logo é tirado da jogado por processos da Sony. Nesse mesmo ano surge o Virtual Game Station que foi o emulador mais popular na época, pois rodava até em PCs fracos. Esse foi outro que sofreu com processos da Sony. E finalmente o ePSXe em 2000, o mais consagrado de todos até os dias de hoje.
Outros consoles foram emulados na sequência, como O2EM do console Odyssey 2 em 1997, Ages também em 1997, sendo o primeiro a emular 32X e Sega CD respectivamente nos anos de 1999 e 2001 e o Intellipacks de Intellivision também em 1997, lançado gratuitamente e depois continuado na coletânea Intellivision Lives! em 1998. O caso do Intellipacks é curioso. Foi lançado por um grupo que fez parte da criação do console da Mattel em 1982, intitulado The Blue Sky Rangers. Foi o primeiro projeto de emulação feito pelos criadores do console original emulado.
Project Unreality (anrialeti) em 1997 é o primeiro que abre caminho para a emulação do Nintendo 64. Foi inaugurado nele os formatos N64, U64, V64 e Z64 de roms. Apesar de seu pioneirismo, executou poucos jogos. Surgiram outros projetos, como TrueReality, Ultra64 e Nemu64 em 1998 e 1964 em 1999, mas foi o UltraHLE que mudou todo a cena em 1999, sendo o primeiro a rodar jogos comerciais de forma satisfatória. Além disso, criou o padrão HLE, simulando diversas partes do emulador em vez de emula-las, e fazendo isso com alto desempenho. Em vez de precisar do código correto do hardware para executá-lo como na emulação, a simulação simplesmente cria um programa que simula, se assemelha à essa função de hardware específica, fazendo com que o PC não se sobrecarregue muito. Isso mudou toda a história da emulação. UltraHLE tem vida curta por conta da própria Nintendo. Em 2001, chega aquele que popularizou a cena de vez, o Project64. Mupen64 também foi bem famoso, também à partir de 2001.
Em 1998, surge, no Japão, o primeiro protótipo de emulação do Sega Saturn, o Satan (como é pronunciado Saturn em japonês). O emulador foi primário e nunca rodou jogos. O primeiro a rodar jogos e também a se consolidar foi o SSF a partir de 2000. O único que o bateu foi o Yabause em 2003, e suas bifurcações Yaba Sanshiro em 2016 e Kronos em 2018. Também tem uma boa execução no Mednafen, levado ao projeto em 2016.
Em seguida, tivemos o Atari 7800 em 1999, pelo grande Dan Boris, criador de vários emuladores, com seu emulador V7800 e Odyssey 1 pelo emulador ODYEMU, também em 1999.
Jagulator foi o primeiro projeto consolidado de Atari Jaguar em 2000, com suporte à CD apenas em 2001. Mas um dos emuladores mais consolidados do console foi o Virtual Jaguar criado em 2003, mas teve sua emulação integral apenas em 2011.
Já o 3DO, último dos consoles clássicos a ser emulados, chega em 2003 por intermédio do FreeDO. Houveram outros projetos como o 4DO em 2011 (o emulador mais consolidado do console) e Phoenix em 2014.
Sobre os emuladores de Arcades, o primeiro foi desenvolvido em 1994 pela Digital Eclipse com o nome de Williams Digital Arcade e lançado para Macintosh. Era uma parceria da Digital com a Williams que criou vários jogos para essa plataforma. Em 1995, começa a ser lançado para Windows. Essa foi a segunda tentativa de emular um hardware de jogos, sendo a primeira o Nintendinho. Mas foi o primeiro emulador desenvolvido que de fato foi funcional, seguido do Action Pack para Atari em 1995. O que os dois têm em comum? Foram desenvolvidos por empresas em parcerias com marcas que lançaram esses jogos no passado.
O primeiro emulador gratuito de arcade (e também de console e portátil) foi o Sparcade! em Setembro de 1995 para MS-DOS, que rodava jogos como Frogger, Donkey Kong, Centipede, Space Invaders, entre outros. Ele também é considerado o primeiro projeto a emular várias placas juntas. Em 96, surge o Emu, depois conhecido como Retrocade, também na mesma pegada. E finalmente em 1997, o MAME, que inovou completamente a cena, sendo o maior projeto de emulação de arcade de todos os tempos.
MAME trouxe a emulação da maioria dos arcades dos anos de 1980 e 1990 de forma inédita. São tantos nomes, que seria até difícil de serem listados todos. Mas o projeto contou com a ajuda de grandes nomes da emulação.
Apesar do pioneirismo do MAME, vários outros projetos surgidos na sequência foram responsáveis pela emulação de muitos sistemas antes de chegarem ao MAME. Entre eles, em 1997, Callus com a CPS-1 e Sega System 16 Emulator com o System 16, 18 e Super Scaler, em 1998, NeoRage com o Neo Geo MVS e M72 Arcade Emulator com alguns jogos inéditos da Irem M72, em 2000, Sega System C2 Emulator com o System C2 e Modeler com a Sega Model 1, em 2001, Final Burn com a CPS-2, em 2002, Viva Nonno com a Namco System 22, em 2004, Model 2 Emulator com a Sega Model 2 e em 2007, CPS-3 Emulator com a CPS-3. Todos tinham uma ou poucas placas ao qual se dedicavam. Já os emuladores Cage em 1998 e Shark! e J.F.F em 1999, que também trouxeram vários jogos antes do MAME, trabalhavam com diversas placas.
Outro marco na emulação dos arcades foi o Final Burn criado em 2000 para arcades da Sega, depois se tornando um grande nome da CPS-1 e 2. Se torna FBA em 2001 e com o tempo se transforma em outro grande multi-emulador ao lado do MAME.
WinKawaks também foi um grande nome dos arcades, principalmente de CPS-1 e 2, como Calice, Nebula e Ace também foram, todos surgidos em 2001.
O que podemos concluir do início da emulação de hardwares de jogos é que a primeira vez que pode ser jogado de forma integral um arcade e um console no computador foi através do Williams Digital Arcade e Activision Pack, que eram pagos. E que os primeiros emuladores funcionais gratuitos de arcade e console foram Sparcade! e Stella.
Além da popularidade dos emuladores, também houve o mesmo com as roms. Em 1997 há uma grande popularidade delas, inclusive roms de sistemas ainda não emulados. Em 1998, a Entertainment Software Association, associação dos videogames nos Estados Unidos (conhecida na época como IDSA), começa a derrubar sites em massa de distribuição de roms. No ano seguinte foi a vez da Nintendo, mas de uma forma mais superficial, por conta das roms de Nintendo 64. Em 1999, a SNK começou a criar a partir de KOF ’99 um método de prevenção de cópias de seus cartuchos por meio de criptografia, o que acabou sendo derrubado no ano seguinte. Em 2000, a criptografia da Capcom Play System 2, a CPS-2 começa a ser quebrado, porém leva até 2007 para isso ser concluído pela equipe de MAME, emcabeçada por Nicola Salmoria. Em 2001 foi a vez da Nintendo blindar seus CDs de GameCube contra isso, o que foi derrubado no ano seguinte através de uma falha encontrada no jogo Phantasy Star Online. Apesar de tudo isso, a ripagem e compartilhamento de roms continuou.
Em 2018, a Nintendo ganhou um processo no Arizona, Estados Unidos, contra um casal que mantinha um site fã de roms a pagar 12 milhões em danos. Após isso, vários sites que tinham roms da Nintendo começaram a apagar seu acervo. Em mais de 20 anos de compartilhamento de roms, esse foi o primeiro grande impasse, que de fato impactou diversos sites, como PlanetEmu, Emuparadise, Cool Rom, entre outros. Apesar disso, alguns sites como Wow Roms, CD Romance e Romspure ainda mantêm seu acervo.
Sobre processos à criadores de emuladores, os da Sony em 1999 contra a Connectix (cãnectéx), criadora do VGS de PSX e contra a Bleem, também criadora de um emulador de PSX, são os mais conhecidos, e foi através deles que se decidiu as diretrizes de criação desses softwares. Os processos geraram o efeito design de sala limpa, que permite engenharia reversa para a criação de emuladores sem que sejam usadas patentes do criador original, em outras palavras, você pode mapear cada pedaço do hardware para reescrever seu código para emula-lo com tanto que não copie especificações colocadas nas mesmas pelo criador original, como por exemplo códigos de sua bios, que servem para o funcionamento de alguns consoles, tendo que criar sua própria bios ou mecanismo para burlá-la. Por conta disso que os emuladores que precisam da bios original do hardware para rodarem (na maioria consoles de CD) não trazem essa bios junto com seus arquivos.
Apesar da luta de várias dessas criadoras de consoles contra a emulação, muitas delas criaram seus próprios emuladores. Foi o caso da Sega por volta de 2003, que contratou o criador do emulador GiriGiri de Sega Saturn para desenvolver um serviço online para rodar o console, chamado Cyber Disc ou B-Club. O sistema também rodava jogos de Mega Drive, e ambos eram vendidos entre 300 a 500 ienes. Em 2006, foi a vez da Nintendo com o Virtual Console para Nintendo Wii, depois extendido para seus consoles N3DS e Wii U até o ano de 2019. Um dos últimos casos foi da Sony, que fez uma parceria com o emulador PCSX-ReARMed em 2018 e o lançou em seu PSX Mini, conhecido como Playstation Classic.
Quer conhecer um pouco mais dessa história? Então segue comigo no vídeo.
As vezes os emuladores trazem maior amplitude para o hardware emulado. No caso dos consoles, conseguem trazer maior compatibilidade de joypad, controle de escala de tempo, cor, filtros de imagem, melhor nitidez, suporte à widescreen (que é a tela ampla), som mais apurado, código de trapaça, velocidade de jogo, loadings mais rápidos, possibilidade de aceleração de cenas, compatibilidade com região do jogo (por exemplo, EUA, JP ou EU), save state, e até possibilidade de jogo em rede, entre outros. Os emuladores também ajudam na construção de jogos caseiros e criados em tempos posteriores à criação dos hardwares originais.
Para os jogos desses consoles e arcades emulados serem executados, precisa existir o processo de ripagem ou dumpagem, que nada mais é que transferir os dados desses cartuchos de jogos para o computador, as famosas roms. Houveram vários acessórios de backup de jogos que se ligavam diretamente aos consoles, com saídas para drivers de disquete para a gravação dos mesmos, como foi o caso do Super Magicom e Super Wild Card para SNES, Super Magic Drive para SMD, entre muitos outros. Alguns faziam essas gravações diretas em CD-ROMs, como foi o caso do Doctor V64 para N64. Esses acessórios traziam as roms em diversos formatos e as vezes como mais de um arquivo. Muitas conseguiram ser lidas por emuladores e outras convertidas para formatos próprios de acordo com cada criador de emulador. Os jogos que não são executados por meio de cartuchos, e sim por meio de CDs, são geralmente convertidos para imagens ISO. Há vários padrões de imagem. ISO, IMG, CUE e BIN são os formatos mais usados. Alguns formatos como MDF e MDS são mais usados com o Sega Saturn. Já o formato CCD com o PCE.
Há pessoas que preferem ripar seus próprios jogos para não fazerem pirataria, como é o caso do Chameleon USB (camilien) criado em 2002 para vários jogos em cartuchos da Sega, Nintendo e Neo Geo. Há também o Retrode (rétroude), criado em 2009, que permite ligar seus cartuchos ao PC e executá-los via emulador sem a necessidade de ripagem, apesar de também realizar essa função. Já os jogos em mídias ópticas podem ser executados diretamente em muitos emuladores, mas se recomenda a ripagem, pois as unidades ópticas de PC não são projetadas para girarem da mesma forma que nos consoles, causando muitas vezes travamentos e mau funcionamento.
O conceito principal do processo de emulação é a preservação de antigos hardwares ou softwares (independente do que se quer emular) que são antigos e raros e que um dia desaparecerão completamente. É o caso com a emulação de hardwares de jogos e suas mídias físicas. Além da preservação e de melhor funcionamento (para mídias ópticas, no caso), a ripagem de jogos também proporciona melhoria para os mesmos, como a possibilidade de aplicação de patches para correção de bugs, traduções e outras modificações.
A emulação de hardwares de jogos eletrônicos, os chamados vídeogames e arcades, começa nos anos de 1990. O primeiro emulador surge no ano de 1990 para o Nintendinho, chamado Family Computer Emulator, criado pelo japonês Haruhisa Udagawa, que trabalhou para a Namco e Sonic Team. O projeto rodava poucos jogos e sem som. Famicom For Mega Drive surge na sequência, em 1991, feito por Yuji Naka, criador de Sonic, para rodar dentro do Mega Drive. Esse foi apenas um protótipo que não foi lançado. Na sequência surge um terceiro emulador de Nintendinho, o Pasofami. Ele chega a rodar jogos comerciais e com som, porém era pago e seu som era sintetizado em vez de emulado. Por conta de ser cobrado, é hackeado e liberado ao público, o que faz seu criador, Nobuaki Andou, colocar um malware junto com o executável para impedir a pirataria pra quem o acessasse do ocidente. O primeiro emulador de fato funcional de NES foi o iNes, lançado em 1996 por Marat Fayzullin, que também era pago, mas liberava versões gratuitas pra outros sistemas, além de ter ajudado muito a cena de emulação NES e a cena de emulação de uma forma geral. O mais popular emulador de NES surge em 1997, pela produtora Bloodlust Software, chamado NESticle, para MS-DOS. Outros emuladores se tornam consagrados para NES, como FCE Ultra em 1998, Nester em 2000 e Nestopia em 2003.
Apesar de nossa matéria não abordar a emulação de portáteis, um fato curioso sobre ela deve ser falado. Em 1992, é lançado um protótipo de emulação do Gameboy para o Amiga chamado Gameboy 68000, para testar a viabilidade do conceito. Ele só rodava uma versão personalizada de Tetris. O programa foi vazado, e seu conteúdo caiu na internet. Anos mais tarde, em 1995, Marat Fayzullin, conseguiu esse material com uma comunidade hacker do Amiga, juntou com documentações sobre o portátil e criou o primeiro emulador funcional de Gameboy, o Virtual Gameboy, em Julho daquele ano. Após isso, Marat desenvolveu muitos outros projeto no mundo da emulação, entre outros, o iNes de NES e outros emuladores percursores da cena. Virtual Gameboy foi o primeiro emulador funcional de um portátil, e um dos primeiros emuladores funcionais feitos de forma individual/não empresarial.
O segundo console à ser tentada emulação foi o Mega Drive, com o Megadrive Emulator em 1994. Ele rodava apenas Sonic, e ainda de forma lenta e sem som. A segunda tentativa, mais exitosa, foi o GenEm em 1996. O projeto rodava vários jogos e com som, porém com diversos problemas de emulação e o som só era emulado por quem tinha a Sound Blaster, uma placa de áudio cara e pouco acessível na época. O primeiro emulador de MD funcional foi o Genecyst criado também pela Bloodlust Software, e rodava em ambiente DOS. Foi o primeiro emulador popular de MD. Só foi desbancado pelo KGen de Steve Palmer em 1998, que por sua vez é desbancado em 1999 pelo Gens de Stephane Dallongeville (Stefan Dalonguevila), que entre outros traz a emulação de Sega CD pela primeira vez à um emulador de MD. Steve retorna em 2004 criando o consagrado emulador Fusion que se torna o mais consagrado dos emuladores de MD, rodando não só MD, mas Sega CD, 32X, SMS e GG com perfeição.
O terceiro console a ser emulado foi o SNES em 1994. Estou falando do Virtual Super MagiCom para MS-DOS. Em seu início só rodava demos, e só foi rodar jogos comerciais em 1996. Apesar de seu legado, nunca deu suporte à som. Em 1997, começa a vender seu emulador por 35 dólares, o que deixa a cena da emulação, a emuscene, descontente. Três meses depois do lançamento, o emulador é hackeado e liberado gratuitamente por Ice Wizard. Seu criador, Chris, larga a cena da emulação acusando a comunidade de hackeamento. Em 1996 também surge o Super Pasofami de Nobuaki Andou para Windows, também pago e com som sintetizado. O primeiro emulador funcional surge ainda em 1996, o Virtual Super Wild Card, por Ernesto Corvi, mas apenas para Macintosh. O marco da emulação do SNES ocorre, também em 1996, pelo Snes96 para Windows pelo holandês Jerremy Koot (djéremí cout). Em 1997 cria o Snes97, e finalmente no final do ano o Snes9x junto com Gary Henderson. Snes9x foi o primeiro emulador à rodar de forma funcional o SNES, rodando som, imagem e velocidade de forma correta. No mês seguinte ao lançamento do Snes9x surgia o ZSNES, que também marcou presença, sendo por exemplo o responsável pela emulação da maioria dos chips especiais de SNES. Apesar do pioneirismo do Snes9x, ZSNES se torna o mais popular dos emuladores do console por sua execução em modo MS-DOS, muito popular ainda na época, por emular softwares mais rapidamente. E por fim o BSNES em 2004, que consegue ter a maior compatibilidade de todos, além de criar o MSU-1, um chip virtual que dá a possibilidade de transformar os jogos de SNES em jogos com cut scenes e som com qualidade de CD.
O quarto na lista é a emulação de Atari 2600, trazida pela Activision em Junho de 1995, na coletânea Activision's Atari 2600 Action Pack para Windows. Ele é considerado o primeiro emulador funcional de um console. No ano seguinte, vários outros projetos trouxeram a emulação de Atari. O primeiro projeto gratuito foi o Virtual 2600 para Linux em 1996, com versão para MS-DOS apenas em 1997. Depois veio Virtual VCS também em 1996, mas o mais popular e estável foi o Stella. Stella teria sido o primeiro emulador gratuito funcional de um console. Vieram também PC Atari Emulator e A26, ainda em 1996, mas que tiveram vida curta. Até hoje Stella ainda é o mais lembrado de todos.
Em sequência vieram as emulações do ColecoVision em 1996 pelo ColEm de Marat Fayzullin e Atari 5200 em 1996, pelo Atari800.
Logo depois, surge outro marco da emulação, os consoles Master System e Game Gear trazidos pelo emulador Massage em 1996 para MS-DOS. MasterGear de Marat também foi marcante e com ótima evolução. Mas o grande emulador de Master System da época se chamava Meka, e foi criado em 1999, e só foi desbancado pelo Kega Fusion de Steve Palmer (ou Steve Snake) a partir de 2004. Outros emuladores de SMS também fizeram sucesso, como SMS Plus em 1998, o brasileiro BRSMS em 1999 e Dega em 2001.
PC Engine é trazido em 1997 por meio do Virtual PC Engine para MS-DOS. Outros emuladores de sucesso do PC Engine também surgiram, como o Magic Engine em 1997, Hu6280 em 1998 e Hu-Go! em 1999. PC Engine também ficou popular rodando no Mednafen em 2005 e BSNES em 2017. Já o PC Engine CD começa a rodar no Magic Engine, mas de forma gratuita apenas no Hu-Go! à partir de 1999. Até hoje uma de suas melhores emulações ocorre no Mednafen a partir de 2012.
A partir de 1997, boa parte dos emuladores começam a ganhar suporte à som ou a ter esse sistema melhorado, como foi o caso de emuladores de Atari, Mega Drive, Super Nintendo e Nintendinho, por exemplo.
Outro marco na emulação foi o PSEmu em 1997, emulando PSX e desenvolvendo o sistema de plug-ins que se popularizaria em diversos outros emuladores. Ele rodou alguns jogos comerciais, porém não era qualquer PC que os rodava. Bleem! chega na sequencia, em 1999, com excelentes resultados, porém de forma paga. Logo é tirado da jogado por processos da Sony. Nesse mesmo ano surge o Virtual Game Station que foi o emulador mais popular na época, pois rodava até em PCs fracos. Esse foi outro que sofreu com processos da Sony. E finalmente o ePSXe em 2000, o mais consagrado de todos até os dias de hoje.
Outros consoles foram emulados na sequência, como O2EM do console Odyssey 2 em 1997, Ages também em 1997, sendo o primeiro a emular 32X e Sega CD respectivamente nos anos de 1999 e 2001 e o Intellipacks de Intellivision também em 1997, lançado gratuitamente e depois continuado na coletânea Intellivision Lives! em 1998. O caso do Intellipacks é curioso. Foi lançado por um grupo que fez parte da criação do console da Mattel em 1982, intitulado The Blue Sky Rangers. Foi o primeiro projeto de emulação feito pelos criadores do console original emulado.
Project Unreality (anrialeti) em 1997 é o primeiro que abre caminho para a emulação do Nintendo 64. Foi inaugurado nele os formatos N64, U64, V64 e Z64 de roms. Apesar de seu pioneirismo, executou poucos jogos. Surgiram outros projetos, como TrueReality, Ultra64 e Nemu64 em 1998 e 1964 em 1999, mas foi o UltraHLE que mudou todo a cena em 1999, sendo o primeiro a rodar jogos comerciais de forma satisfatória. Além disso, criou o padrão HLE, simulando diversas partes do emulador em vez de emula-las, e fazendo isso com alto desempenho. Em vez de precisar do código correto do hardware para executá-lo como na emulação, a simulação simplesmente cria um programa que simula, se assemelha à essa função de hardware específica, fazendo com que o PC não se sobrecarregue muito. Isso mudou toda a história da emulação. UltraHLE tem vida curta por conta da própria Nintendo. Em 2001, chega aquele que popularizou a cena de vez, o Project64. Mupen64 também foi bem famoso, também à partir de 2001.
Em 1998, surge, no Japão, o primeiro protótipo de emulação do Sega Saturn, o Satan (como é pronunciado Saturn em japonês). O emulador foi primário e nunca rodou jogos. O primeiro a rodar jogos e também a se consolidar foi o SSF a partir de 2000. O único que o bateu foi o Yabause em 2003, e suas bifurcações Yaba Sanshiro em 2016 e Kronos em 2018. Também tem uma boa execução no Mednafen, levado ao projeto em 2016.
Em seguida, tivemos o Atari 7800 em 1999, pelo grande Dan Boris, criador de vários emuladores, com seu emulador V7800 e Odyssey 1 pelo emulador ODYEMU, também em 1999.
Jagulator foi o primeiro projeto consolidado de Atari Jaguar em 2000, com suporte à CD apenas em 2001. Mas um dos emuladores mais consolidados do console foi o Virtual Jaguar criado em 2003, mas teve sua emulação integral apenas em 2011.
Já o 3DO, último dos consoles clássicos a ser emulados, chega em 2003 por intermédio do FreeDO. Houveram outros projetos como o 4DO em 2011 (o emulador mais consolidado do console) e Phoenix em 2014.
Sobre os emuladores de Arcades, o primeiro foi desenvolvido em 1994 pela Digital Eclipse com o nome de Williams Digital Arcade e lançado para Macintosh. Era uma parceria da Digital com a Williams que criou vários jogos para essa plataforma. Em 1995, começa a ser lançado para Windows. Essa foi a segunda tentativa de emular um hardware de jogos, sendo a primeira o Nintendinho. Mas foi o primeiro emulador desenvolvido que de fato foi funcional, seguido do Action Pack para Atari em 1995. O que os dois têm em comum? Foram desenvolvidos por empresas em parcerias com marcas que lançaram esses jogos no passado.
O primeiro emulador gratuito de arcade (e também de console e portátil) foi o Sparcade! em Setembro de 1995 para MS-DOS, que rodava jogos como Frogger, Donkey Kong, Centipede, Space Invaders, entre outros. Ele também é considerado o primeiro projeto a emular várias placas juntas. Em 96, surge o Emu, depois conhecido como Retrocade, também na mesma pegada. E finalmente em 1997, o MAME, que inovou completamente a cena, sendo o maior projeto de emulação de arcade de todos os tempos.
MAME trouxe a emulação da maioria dos arcades dos anos de 1980 e 1990 de forma inédita. São tantos nomes, que seria até difícil de serem listados todos. Mas o projeto contou com a ajuda de grandes nomes da emulação.
Apesar do pioneirismo do MAME, vários outros projetos surgidos na sequência foram responsáveis pela emulação de muitos sistemas antes de chegarem ao MAME. Entre eles, em 1997, Callus com a CPS-1 e Sega System 16 Emulator com o System 16, 18 e Super Scaler, em 1998, NeoRage com o Neo Geo MVS e M72 Arcade Emulator com alguns jogos inéditos da Irem M72, em 2000, Sega System C2 Emulator com o System C2 e Modeler com a Sega Model 1, em 2001, Final Burn com a CPS-2, em 2002, Viva Nonno com a Namco System 22, em 2004, Model 2 Emulator com a Sega Model 2 e em 2007, CPS-3 Emulator com a CPS-3. Todos tinham uma ou poucas placas ao qual se dedicavam. Já os emuladores Cage em 1998 e Shark! e J.F.F em 1999, que também trouxeram vários jogos antes do MAME, trabalhavam com diversas placas.
Outro marco na emulação dos arcades foi o Final Burn criado em 2000 para arcades da Sega, depois se tornando um grande nome da CPS-1 e 2. Se torna FBA em 2001 e com o tempo se transforma em outro grande multi-emulador ao lado do MAME.
WinKawaks também foi um grande nome dos arcades, principalmente de CPS-1 e 2, como Calice, Nebula e Ace também foram, todos surgidos em 2001.
O que podemos concluir do início da emulação de hardwares de jogos é que a primeira vez que pode ser jogado de forma integral um arcade e um console no computador foi através do Williams Digital Arcade e Activision Pack, que eram pagos. E que os primeiros emuladores funcionais gratuitos de arcade e console foram Sparcade! e Stella.
Além da popularidade dos emuladores, também houve o mesmo com as roms. Em 1997 há uma grande popularidade delas, inclusive roms de sistemas ainda não emulados. Em 1998, a Entertainment Software Association, associação dos videogames nos Estados Unidos (conhecida na época como IDSA), começa a derrubar sites em massa de distribuição de roms. No ano seguinte foi a vez da Nintendo, mas de uma forma mais superficial, por conta das roms de Nintendo 64. Em 1999, a SNK começou a criar a partir de KOF ’99 um método de prevenção de cópias de seus cartuchos por meio de criptografia, o que acabou sendo derrubado no ano seguinte. Em 2000, a criptografia da Capcom Play System 2, a CPS-2 começa a ser quebrado, porém leva até 2007 para isso ser concluído pela equipe de MAME, emcabeçada por Nicola Salmoria. Em 2001 foi a vez da Nintendo blindar seus CDs de GameCube contra isso, o que foi derrubado no ano seguinte através de uma falha encontrada no jogo Phantasy Star Online. Apesar de tudo isso, a ripagem e compartilhamento de roms continuou.
Em 2018, a Nintendo ganhou um processo no Arizona, Estados Unidos, contra um casal que mantinha um site fã de roms a pagar 12 milhões em danos. Após isso, vários sites que tinham roms da Nintendo começaram a apagar seu acervo. Em mais de 20 anos de compartilhamento de roms, esse foi o primeiro grande impasse, que de fato impactou diversos sites, como PlanetEmu, Emuparadise, Cool Rom, entre outros. Apesar disso, alguns sites como Wow Roms, CD Romance e Romspure ainda mantêm seu acervo.
Sobre processos à criadores de emuladores, os da Sony em 1999 contra a Connectix (cãnectéx), criadora do VGS de PSX e contra a Bleem, também criadora de um emulador de PSX, são os mais conhecidos, e foi através deles que se decidiu as diretrizes de criação desses softwares. Os processos geraram o efeito design de sala limpa, que permite engenharia reversa para a criação de emuladores sem que sejam usadas patentes do criador original, em outras palavras, você pode mapear cada pedaço do hardware para reescrever seu código para emula-lo com tanto que não copie especificações colocadas nas mesmas pelo criador original, como por exemplo códigos de sua bios, que servem para o funcionamento de alguns consoles, tendo que criar sua própria bios ou mecanismo para burlá-la. Por conta disso que os emuladores que precisam da bios original do hardware para rodarem (na maioria consoles de CD) não trazem essa bios junto com seus arquivos.
Apesar da luta de várias dessas criadoras de consoles contra a emulação, muitas delas criaram seus próprios emuladores. Foi o caso da Sega por volta de 2003, que contratou o criador do emulador GiriGiri de Sega Saturn para desenvolver um serviço online para rodar o console, chamado Cyber Disc ou B-Club. O sistema também rodava jogos de Mega Drive, e ambos eram vendidos entre 300 a 500 ienes. Em 2006, foi a vez da Nintendo com o Virtual Console para Nintendo Wii, depois extendido para seus consoles N3DS e Wii U até o ano de 2019. Um dos últimos casos foi da Sony, que fez uma parceria com o emulador PCSX-ReARMed em 2018 e o lançou em seu PSX Mini, conhecido como Playstation Classic.
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